2º Trail do Zêzere (Mini Trail- 17 Km)

Apesar de Ferreira do Zêzere não ficar muito longe de Lisboa, optei por ir com a minha mulher e os meus pais no dia anterior e aproveitar para passear um pouco pelo local e também poder acordar um pouco mais tarde no dia da prova. Acabámos por ficar alojados na Rio Azul Guest House, um espaço muito agradável e com um preço simpático. Altamente recomendado.

Para ficar logo despachado fui levantar o dorsal assim que cheguei. O dorsal era interessante e diferente do que tenho visto, alem do habitual número e nome tinha também a altimetria da prova colocada ao contrário de forma a ser facilmente lida quando o dorsal estivesse colocado na t-shirt :)


Depois de um passeio pela zona fomos jantar ao Grelha do Zêzere um simpático restaurante e com comidinha bastante boa. Depois de jantar, com o estômago aconchegado e o material todo pronto para o dia seguinte estava na hora de ir dormir.

Com a prova marcada para as 9h acordei cerca de 2h antes para poder tomar o pequeno almoço com calma e não estar a comer muito em cima da prova. Ou seja pouco depois das 7h estava a levantar-me e visto que a partida dos Ultra-Atletas foi às 7h fui para a janela do quarto vê-los a passar na rua atrás da Estalagem onde ficámos.

Já no local da partida fiquei um pouco surpreendido pela não existência do controlo zero. Se há material obrigatório, se está previsto no horário e regulamento o controlo zero, acho que o mesmo deve ser efectuado, não sei se este controlo existiu nas outras duas provas. Depois do controlo que não existiu foi altura de ouvir o briefing com informações importantes sobre a prova e onde achei piada ao aviso "cuidado com a descida depois da 2ª subida grande. Está perigosa e vão todos escorregar lá" Claro que isto provocou logo uma risada geral :)




Avisos feitos e era finalmente hora de partir, estava bastante frio e soube bem finalmente começar a correr. Os primeiros quilómetros da prova são feitos praticamente sempre a descer e ainda no meio de muita gente, o que com o aparecimento da 1ª subida provoca logo o típico engarrafamento, nada de especial, também a subida que nos apareceu pela frente não ia dar para fazer a correr. Aqui comecei logo a nota que me faltou algum treino para esta prova, ao longo da subida os gémeos estavam a começar a acusar o esforço.




A descida que se seguiu não estava em muito mau estado, por isso, e depois de ver que os ténis estavam com uma boa aderência naquele piso acabei por arriscar um pouco mais e lançar-me por ela abaixo. A ideia era conseguir passar algumas pessoas, evitar os próximos engarrafamentos e tenho de confessar também que gosto de tentar fazer as descidas de uma forma mais rápida :)

Feita a descida com sucesso e sem quedas apareceu logo o 2º pico da prova, este mais duro, mais longo e com algumas surpresas guardadas. Esta subida tinha em comum com a anterior a elevada inclinação mas era mais longa... mal eu sabia o quão longa. Quando cheguei aquele ponto em que se vê o fim da subida respirei fundo e pensei já está... mas não, era apenas a estrada que íamos  atravessar para o outro lado onde a encosta continuava. 

Chego novamente ao ponto em que penso estar no fim da subida, até porque estávamos no ponto mais alto ali da zona, mas não ainda não era desta. Uma possível conversa com a subida seria esta:

"Ah e tal mas não há mais nada para subir, já estou no topo"
"Pois estás, por isso desce lá uns 50 metros, para te mandar com uma última parede, daquelas que faz os músculos queixarem-se" 

Desta vez cheguei mesmo ao fim da subida e pensei que o pior já estava. Bem, estava mais ou menos. Esta era a descida para a qual a organização nos tinha avisado que iríamos com toda a certeza escorregar, lamento informar senhores da organização mas consegui manter-me sempre em pé (apesar de ter patinado algumas vezes). Fazer esta descida foi uma nova experiência, para alem de pensar onde ia por os pés tinha de procurar também qual o ramo mais forte e bem preso ao chão para me segurar enquanto descida, algo tipo rappel em que as cordas eram as árvores que por lá havia. 




No final da descida entrámos na zona em que dava para correr mais à vontade, deve ter sido a parte mais rápida da prova e aquela em que corri mais tempo seguido, foi assim até ao abastecimento.

Depois de repostas as forças no abastecimento fiz-me novamente à estrada para o que restava da prova. Depois de uma zona de estradões largos sempre junto ao rio entrámos na zona dos Single Tracks, sempre com imenso cuidado para não escorregar fui percorrendo os quilómetros até uma zona onde olho para o chão e só vejo uma poça enorme de àgua castanha, rio-me olho para os lados mas nada a fazer, o caminho era mesmo por ali. Os pés colavam na lama no fundo da poça e a acabei por ficar com água quase pelos joelhos, claro que do outro lado da poça os ténis não se viam, tinha 2 blocos de lama agarrados a cada pé :) (Juro que quando passei aqui não se via a parte "sólida" do lado direito onde o atleta do video está a passar)


Foto Retirada do video no final desta pagina
Mas nada de preocupante, um simpático voluntário avisou-me logo que já os ia lavar porque tinha de atravessar o rio. E assim foi, que bem que soube atravessar aquele ribeiro e tirar todo o lixo dos pés, para compensar a saída do lixo houve entrada de pequenas pedras nos pés, considero uma troca justa e de fácil resolução bastando descalçar-me a seguir.

Mas as surpresas não se esgotavam no "rappel" agarrado a árvores, na poça de lama ou no rio, a melhor de todas estava para vir:

Intimida um pouco olhar para a frente e ver cordas e bombeiros metidos no meio das rochas sempre atentos a tudo o que se passava, mas o caminho passava por ali por isso agarrado às cordas e com bastante cuidado para por os pés nas zonas certas da rocha lá fui avançando. Sim era perigoso e um grande desafio mas estas provas são mesmo assim, em que outra circunstância é que iria andar a subir por rochas agarrado a cordas. 
Foto retirada do video no final desta pagina
Daqui até ao final fui sempre meio a correr meio a andar, ora pelo meio de árvores junto ao rio em caminhos cheios de folhas ora pelo meio de árvores ou em estradões mais largos, o que não faltava na parte final era diversidade. A parte final era sempre a subir mas forcei-me a fazer os últimos 500 metros em corrida até à entrada no Pavilhão onde estava a minha claque à espera já a alguns minutos (vou tentar ser mais rápido na próxima vez).


Sabia que a minha preparação não era tão boa como a da Serra d'Arga e por isso estava a apontar para acabar entre as 3 e as 4 horas de prova. Terminei com 3 horas e 4 minutos e sem qualquer queda o que da maneira que estava o piso era complicado. Da organização não tenho grande coisa a criticar, percurso exemplarmente marcado, um abastecimento normal, e voluntários / bombeiros nos pontos mais críticos do percurso. Talvez justificasse ter voluntários ou bombeiros noutras zonas, mas em tanto Km de prova é complicado ter gente em todo o lado.

Achei esta prova mais corrivel que a da Serra d'Arga, tirando o piso complicado nas descidas e a parte da escalada não achei a prova muito técnica o que para alguém como eu, sem grande experiência permite correr mais vezes.




Resumindo se puder voltar a Ferreira do Zêzere irei fazê-lo.

No final da prova ainda consegui cumprimentar, trocar umas palavras e tirar uma foto com o Grande Campeão Vítor Gamito. Foi um atleta que acompanhei durante as várias Voltas a Portugal que fez e que sempre admirei. Lembro-me de ser miúdo e cada vez que andava de bicicleta imaginar ser o Gamito a subir à Torre :) Ontem pude dar-lhe os parabéns e agradecer a inspiração que transmite no mundo do desporto.




6 comentários:

  1. A zona é linda, a organização é boa, logo este Trail tem tudo para ser um caso sério de sucesso.

    Parabéns pela prova (e pela ausência de quedas!)

    Um abraço

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  2. Sem dúvida João, a organização esteve exemplar, a zona é linda e fica relativamente perto de Lisboa.

    Não cheguei a cair mas fiquei bastante dorido nos dias seguintes e com "qualquer coisa" na parte de cima do pé direito, ainda hoje está um pouco sensível ao toque.

    Abraço

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  3. Essas subidas são as melhores, as que gozam connosco ehehe O ano passado fiz a distancia ultra, mas fui muito mal preparado então fartei-me de sofrer, depois tive mais de uma semana com dores musculares horríveis! Para o ano quero lá voltar para apreciar bem o percurso. Parabéns pela tua prova! Para o ano já sobes um degrau. Ah, e grande Gamito! :D

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    1. Acho que nunca me tinha acontecido tanto tempo depois de uma prova ainda ter dores musculares, foi mais uma experiência que o trail do Zêzere proporcionou.

      Para o ano ando realmente com vontade de subir um degrau nas distâncias dos Trails, mas antes disso tenho 42 195 metros para fazer em Paris :D.

      Abraço

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  4. Grande João, que bela aventura que deve ter sido! Adorei!

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    1. É realmente Sérgio, vale a pena vir experimentar esta prova, marca já no teu calendário de 2015 não te vais arrepender.

      Abraço

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