25ª Meia Maratona de Lisboa

Nas ultimas semanas tenho tido treinos excelentes, começou com o primeiro treino de 30 Km, uma semana depois um excelente treino de 21 Km em que até me esqueci de levar água mas mesmo assim acabei em optimo estado e com um novo record pessoal na Meia Maratona e para finalizar a semana passada em que fiz mais um bom treino de 30 Km tendo acabado com a sensação que podia continuar mais um bocadinho.

Tendo em conta as ultimas 3 semanas e apesar do objectivo ser acabar a Maratona de Paris, as expectativas para esta Meia Maratona da Ponte 25 de Abril estavam muito altas, mas como dizem os Diabo na Cruz na musica Mó de Cima: "...O que hoje está na mó de cima amanhã desaba..." (Off-topic: Aconselho vivamente Diabo na Cruz, música portuguesa e muito boa)



De manhã encontrei-me na Estação do Pragal com os amigos dos 4 ao Km e à conversa seguimos e esperámos em cima da ponte pelo começo da prova. Dada a partida comecei logo a tentar furar pela enorme quantidade de gente que enchia a ponte, queria tentar não perder muito tempo nesta fase inicial. Entre "esses" e acelerações dignas de uma corrida de carros fui ganhando posição e a cerca de meio da ponte já conseguia correr com algum à vontade.



Com o tal correr à vontade e a descida para Alcântra o ritmo foi aumentando apesar de eu de vez em quando olhar para o relógio e dizer para mim próprio que devia abrandar. Efectivamente quando dizia para abrandar fazia-o, mas suspeito que sem dar por isso passado uns metros já tinha voltado ao ritmo do "deixa ir". 

Apesar de só me ter sentido solto ao quilómetro 8 a verdade é que os 10 primeiros quilómetros de prova passaram muito rapidamente. Se no inicio ainda dizia a mim próprio para abrandar, agora a meio da prova e a sentir-me bem deixei-me seguir aquele ritmo (5:50 min/km).

Ao quilómetro 14 aproveitei para tomar o gel que tinha levado e beber água, mas de imediato senti que algo não correu bem, não digo que tenha sido do gel (já os tinha testado nos últimos treinos de 30 Km's) mas a sensação da água + gel a cair no estômago foi tipo pedra e passado um bocado comecei a sentir a famosa "dor de burro".

A partir do quilómetro 15 tenho dificuldade em explicar o que aconteceu. Fui sentindo metro após metro que estava a ter uma enorme quebra e que chegar ao fim ia ser um sacrifício, as pernas estavam extremamente pesadas, a dor de burro não ajudava e o nunca mais chegar ao retorno em Algés mandaram-me muito abaixo, ao quilómetro 18 tive mesmo de meter a passo durante uns 200 metros. 

Nesta altura já não queria saber de record nenhum, só queria chegar rapidamente ao fim, mas rapidamente era algo que não estava a conseguir fazer. A dada altura vejo o João Lima a passar por mim e colo-me a ele, mas foi por pouco tempo, ele ia bastante bem e eu acabei por retomar o meu ritmo lento. Até ao final ainda tive de voltar a caminhar por mais uns 200 metros, mas ainda consegui fazer o último quilómetro a correr.


Acabei por cortar a meta bastante desanimado e completamente esgotado (sensação que se manteve o resto da tarde).



Isto foi o que eu senti na altura, e agora pergunta vocês com que tempo terminei? Ora bem o tempo foi de 02:10:44 o que equivale ao meu 2º melhor tempo de sempre na Meia Maratona.

Então afinal o que se passou? Pois não sei, analisando agora os tempos parciais há realmente uma quebra a partir do Km 15, mas eu quando olho para os números dessa quebra, não os consigo fazer equivaler ao que senti no corpo enquanto corria, na altura as sensações foram bem piores em comparação com os números que vejo agora.

Ao comparar os parciais do tal treino em que bati o record com os parciais desta prova, nota-se que aqui fui bem mais rápido logo desde o inicio, no entanto os tempos do treino são mais consistentes do inicio ao fim.




No final a desilusão até acabou por ser maior pelo "esgotamento" que senti no final e no resto do Domingo. Mas nem tudo é mau, esta prova acaba por ser uma bela lição para a Maratona de Paris, essa sim é a meta que quero cruzar e em bom estado. Para tal o tempo final não vai ser minimamente importante, ou seja tenho de controlar imenso o ritmo no inicio da prova para não entrar em loucuras como aconteceu este Domingo.

Gostava ainda de deixar alguns comentários mais genéricos sobre a prova. Esta foi provavelmente a ultima vez que fiz esta Meia Maratona, é muito giro passar a ponte a pé, mas é demasiado caro e com demasiada confusão para o meu gosto alem da logística necessária ser demasiado complexa e cansativa.

Em relação à organização tenho de ser sincero e dizer que para a dimensão que a prova tem, acho que as coisas até funcionam bastante bem e identifico apenas 3 pontos de melhoria (provavelmente fáceis de implementar mas que ano após ano se mantém igual) 
  • Atrasar a partida a Mini Maratona 5 a 10 minutos
  • Separação da partida da Meia Maratona por blocos de tempo
Julgo que estes dois pontos resolviam 90% das criticas feitas a esta prova. O ultimo ponto tem a ver com a zona de chegada. À 2 anos sai da meta sem qualquer problema / demora. Este ano não sei porquê mas devo ter estado uns 20 / 30 minutos para conseguir receber a medalha, saco gelado e sair daquela zona, tendo em conta o estado em que acabei, o sol que estava e o amontoado de gente tipo metro em hora de ponta, estava a fazer-me um bocado de confusão estar ali no meio à espera.


Posto isto a grande crítica que faço não é a organização mas sim à falta de respeito e civismo que vi ao longo da prova:
  • Assim que foi dada a partida pessoal da mini a passar à bruta pelos lados para assim que passavam a partida começarem a caminhar;
  • Pessoas que param sem qualquer tipo de aviso a meio da ponte para tirar selfies;
  • Viragens a bruta para chegar aos abastecimentos sem preocupação nenhuma por quem vem atrás;
  • Nas zonas em que não havia separador central e que já vinham atletas bem mais rápidos a regressar, imensa gente achou que devia ir a correr no sentido em que os atletas do retorno vinham.
  • Garrafas de água cheias e com rolha atiradas para o meio da estrada;
  • Comer bananas e simplesmente deixar cair a casca para o lado;
  • Pessoas a reclamar que o gelado OFERECIDO era um corneto e que queriam um magnum.
Isto não são problemas da organização!



Para terminar deixo os meus sentimentos aos familiares e amigos do atleta alemão que faleceu no Domingo. Impressionou-me a quantidade de pessoas que vi a serem assistidas ao longo da prova, nunca tinha visto nada assim.

A Minha Prova:

10 comentários:

  1. Parabéns João!
    Segundo melhor tempo de sempre é muito bom!
    Essas quebras acontecem, na maratona já sabes que tens se partir com calma pois terás muito tempo pela frente. Mas vai correr tudo bem pois estás em grande forma e tens treinado bastante.

    Força!!!

    Beijinhos

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    1. Sim ao olhar só para o tempo até nem foi mau de todo, mas durante a prova pareceu bem mais complicado do que o tempo final reflecte.

      A maratona vai mesmo ter um ritmo mais calmo, não há outra hipótese para conseguir fazer a prova toda.

      Beijinhos

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  2. Paciência João...por todos os motivos que indicas essa não é prova para pensar em tempo...ansiedade, calor podem explicar o que te sucedeu....é nestas provas menos bem conseguidas que tiramos belas ilações que nos serão muito úteis no futuro, e o teu objectivo é a Maratona de Paris, e essa vai correr muito bem.
    Abraço

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    1. Sim, Paris é o verdadeiro objectivo, esta foi mesmo uma boa lição do que não fazer :)

      Abraço Carlos e força na preparação para o UTSM.

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  3. Há dias assim.. Realmente foste super certinho nos primeiros 15km, foi a estratégia certa. Talvez em PAris seja melhor fazeres a primeira meia a 6:10, 6:15, o que achas? Bem, a prova serviu mesmo para isso, para treinar para Paris. De certeza que vais tirar boas lições daí. Quanto À prova, concordo a 100%, essas duas sugestões resolviam grande parte dos problemas, mas ainda acrescento uma: limitar as inscrições a metade do que aceitam agora!

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    1. Em Paris até estou a apontar para mais lento que isso, não vou a pensar em tempos, o importante vai ser mesmo acabar por isso o ritmo tem de ser parecido com o dos treinos em que cheguei relativamente bem aos 30 Km.

      Abraço e muita força para o MIUT

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  4. Há dias assim, isso não vai influenciar em nada a maratona.
    Quando fiz o meu melhor tempo na maratona; na década de 80 (3:10:27) para ai um mês antes fiz o regional de fundo da AAL de Lisboa, 30 km entre o Guincho e a antiga FIL ,onde ia "morrendo" e acabei de "gatas". Acabei mesmo muito pior que na maratona! Por isso...
    Forte abraço.

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    1. Espero que não Jorge, alias se seguir essa tua história vou ter uma boa estreia (boa no sentido de terminar em bom estado, não do tempo).

      Abraço

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  5. Boas João, não desanimes que isso foi um percalço de onde tiraste muitas lições! Exacto?

    Um abraço!

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  6. Sem duvida, serviu para ver na pela como é importante controlar o ritmo logo desde o inicio, e ainda mais importante vai ser em Paris.

    Abraço

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