Grande Trail Serra d'Arga 2015 - Sunset Trail

Este ano para fazer "pandam" com as duas provas que ia fazer, tirei também dois dias de férias antes das provas e por isso quarta-feira ao final do dia estávamos a caminho de Arcos de Valdevez.

Estes dois dias deram para descansar, passear, vindimar, e fazer outro tipo de provas:




Sábado a meio da tarde saímos de Arcos de Valdevez onde deviam estar uns 30 e alguns graus e fomos para Caminha onde ia começar e terminar o Sunset Trail. A prova era de trail sim, mas de Sunset teve pouco. O tempo não podia estar mais diferente. Muito nevoeiro e frio (estavam uns 18º) seria a nossa companhia durante parte da prova.

Perto das 19 horas fui para a partida onde encontrei o amigo Rui Gameiro que também ia fazer as mesmas duas provas que eu. Depois do briefing do grande Carlos Sá e da contagem decrescente foi dada a partida. 


Começámos por uma voltinha pelas muralhas, passámos novamente na zona da partida e começamos a subir para fora de Caminha. Subir era a palavra chave já que foi o que fizemos durante os primeiros 5 Km de prova. Primeiro em alcatrão no meio de casas, depois finalmente com uma incursão num bonito mas curto pedaço de single track e depois em estradão que nos ia levar ao Miradouro de Santo Antão. Foi nesta subida que passámos para cima das nuvens e nos deparámos com uma paisagem fantástica. 

Para a direita, um mar de nuvens cobria toda a zona onde devia estar o mar, cortado de vez em quando por um monte mais alto. Para a esquerda, uma enorme lua cheia a começar a aparecer no monte que íamos subir. Simplesmente lindo!




Depois de uma curta paragem no abastecimento tivemos cerca de um quilómetro e meio mais planos num estradão no cimo do monte que nos levou a passar perto das eólicas (nunca tinha calhado fazer uma prova que passasse em eólicas). Depois desta zona mais calma onde acabei por me juntar a um grupo de três outros atletas chegou a altura de começar a descer. Já com o frontal ligado, chegámos a uma zona em que não há propriamente um trilho, e quando olhei para baixo confesso que senti algum medo. A descida era extremamente inclinada e em cima de pequenas pedras todas elas soltas. Os meus companheiros desciam com muito mais confiança que eu e rapidamente deixei de os ver. 

Passo a passo e bastante devagar acabei por chegar lá abaixo em segurança. Para terem uma ideia em 1 Km de descida com -125m de desnível demorei mais tempo do que a fazer 1 Km  na subida anterior com 103m de desnível


Terminada esta parte mais técnica a descida continuava mas agora em estradão o que me permitiu voltar a correr novamente. Quando terminei de descer a encosta da serra já seguia sozinho apesar de ir ouvindo barulhos do grupo que seguia atrás de mim. Foi nesta altura que entrei no trilho de que mais gostei em toda a prova - com uma largura de cerca de três metros, mas com as árvores baixas e a fazerem um arco por cima de nós, inclusivé obrigando-me a baixar em algumas zonas. 

Foi uma zona que me deu um gozo enorme a fazer. Apesar de ser necessário ir com bastante atenção ao chão por causa das raízes, dava para ir relativamente rápido e tanto era necessário desviar-me de uma raiz como de uns ramos mais baixos. Isto, feito sozinho e de noite só com a luz do frontal, foi dos melhores momentos da prova.

À saída do trilho estava o Carlos Sá (pelo que a Rita me disse tinha ido a acompanhar o primeiro classificado) que disse "vá agora é a descer" e realmente à saída do trilho se fosse para a direita era a descer, mas o track mandava-me para a esquerda. Fiquei meio na duvida até que ele diz "Estou a brincar, claro que é para subir". Lá está a regra não escrita nas provas de trail: Em caso de duvidas é sempre para onde está a subida!


E que subida! Primeiro ainda no meio de árvores e pedras que me pareciam cursos de água secos, e depois novamente numa encosta exposta da serra pelo meio de grandes blocos de granito. Desta vez na encosta virada para a Serra d'Arga o cenário era fantástico. Lua cheia no alto, ao fundo e espalhadas pela serra as luzes das várias aldeias, com o nevoeiro sempre presente a cobrir parte do cenário. 

Esta subida foi feita de forma lenta, as pernas já começavam a pesar e no dia seguinte ia ter mais 23 Km para fazer. Depois de fazer o quilómetro mais lento da prova (18m 41s com 175m de desnível positivo) cheguei novamente ao miradouro onde estava o mesmo abastecimento. Daqui até ao final era sempre a descer.

Primeiro fomos pelo alcatrão numa descida bem inclinada que massacrou o que sobrava das pernas e depois pelo caminho que já tínhamos feito no início da prova. A particularidade agora era a dificuldade em ver as fitas, não porque o percurso estivesse mal marcado ou que não houvesse elementos reflectores, muito pelo contrário, as marcações estiveram sempre impecáveis. O problema era estar a correr no meio do nevoeiro e de noite. Se acendia o frontal não via nada do caminho, devido à luz "bater" no nevoeiro; se o desligava não via as marcações. 

Fiz parte do caminho nesta zona com o frontal desligado baseando-me mais no track que levava no relógio e ligando o frontal só de vez em quando. Acabei por não me enganar e 2 horas e 16 minutos depois de partir de Caminha estava de volta e a passar a meta onde a Rita estava à minha espera :)

Ao ver as classificações fiquei surpreendido pela pequena quantidade de participantes (cerca de 100) nesta prova. Pessoalmente foi das provas que mais gozo me deu fazer. Prova muito bem marcada, as fitas eram bem visíveis e a parte reflectora grande o suficiente para se ver bem, mesmo ao longe. Achei o percurso muito desafiante e divertido e, apesar de nocturno, com paisagens fantásticas (a lua cheia ajudou). 

Não sei se a opinião de quem participou é igual à minha mas eu gostei realmente de fazer estes 16 Km, e se voltar a Arga em 2016 e esta prova continuar a existir, gostaria de participar novamente.

Claro que no dia seguinte paguei por ter participado nesta prova, mas não me arrependo nada. O dia seguinte será tema para o próximo post.

Classificações:


A Minha Corrida:

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