Triatlo de Sines 2017

Duas semanas depois de concluir o Triatlo de Lisboa, desloquei-me até Sines para fazer mais uma prova. As distâncias seriam muito semelhantes às feitas em Lisboa, mas desta vez seria mesmo uma distância Olímpica: 1500 metros de natação, 40 Km de Ciclismo, 10 Km de Corrida.

Os treinos para esta prova foram os mesmos que foram feitos para Lisboa. As duas semanas de intervalo entre as duas provas serviram apenas para fazer um numero reduzido de treinos, sendo que na semana anterior praticamente nem consegui treinar.

O objectivo passava por fazer menos de 3 horas de prova. Se para o de Lisboa este tempo era um sonho, para Sines e porque ia ter menos 5 Km de ciclismo pela frente, as 3 horas de tempo final pareciam-me um objectivo atingível, Sendo já mais ambicioso: fazer 1:55 min/100 na natação média de 30Km/h no ciclismo e uma corrida a 5:30 min/km seria um óptimo resultado.

No dia da prova fui ao final da manhã para Sines com a Rita e a Tatiana. Estava um dia bastante agradável para ficar na praia, mas eu tinha um Triatlo para fazer.

Ao chegar a Sines percebi logo que alem do calor o vento ia ser um problema. Tirando isso o dia estava perfeito.


Com o carro estacionado fui deixar o material tudo no parque de transição para podermos finalmente ir almoçar. Acabou por demorar mais do que pensava o que me causou a preocupação adicional de estar a almoçar muito em cima da prova. Para a próxima (Peniche) levo logo numa caixinha, qualquer coisa feita em casa e como na viagem.

Já depois de almoço com o Chapéu de sol e toalhas estendidas na Areia para a claque de apoio estava na altura de eu me equipar e preparar-me para o inicio da minha prova.

Segmento 1: Natação (27:53) média de 01:51 min/100m
Desta vez a natação ia começar na areia com a típica corrida para dentro de água. Quando deram a partida esperei cerca de um ou dois segundos e fui também para dentro de água. Não consegui evitar a confusão!

Braços, pés, cabeças, havia de tudo, acho que foi a prova em que mais confusão apanhei no seu inicio, por outro lado consegui ir quase toda a primeira volta no meio de outros atletas o que talvez tenha ajudado no tempo final.

Nesta prova o segmento da natação teria uma novidade para mim. A meio do percurso tínhamos de sair da água, dar uma volta numa bóia colocada na areia e voltar a entrar na água para fazer a segunda metade do segmento.
(foto Luís Santos)
Ao voltar a correr para dentro de água pensei, "vou mergulhar em grande estilo". Foi daqueles momentos em que nos vemos a nós próprios a fazer alguma coisa com a elegância e perfeição de um profissional no assunto. Suspeito que não foi o que aconteceu, atirei-me para dentro de água a pensar "sou o maior" e passei os metros seguintes a tentar controlar a respiração por causa desta parvoíce!

Não treinei este tipo de saída a meio da natação e estava preocupado com a rápida passagem da posição horizontal para vertical e novamente horizontal, tinha receio que ficasse tonto, o que felizmente não aconteceu.

Na segunda volta ao percurso acabei por seguir praticamente sempre sozinho, mesmo assim quando voltei finalmente para a areia vi que tinha feito uma boa média para os 1500 metros de natação.


Transição 1: (02:32)
Saí com bastante calma da água, meio a andar meio a correr, e depois de tirar o relógio e o prender na boca como de costume, tirei a parte de cima do fato. 

Mas tem de haver sempre alguma peripécia nas transições, desta vez foi ao tentar por o relógio novamente no pulso deixa-lo cair na areia. lá tive de parar a corrida apanha-lo da areia e voltar a correr para o parque. Não é agradável ter um relógio cheio de areia no pulso!

Não houve mais peripécias no resto da transição foi tudo feito com calma e bem. Curiosamente, e tendo sido a vez em que achei que tinha feito as coisas mais devagar, foi a minha transição mais rápida com apenas dois minutos e meio gastos em todo este processo. Provavelmente também ajudou o facto do parque de transição não ser muito grande.

Segmento 2: Ciclismo (01:24:44) média de 27,9 Km/h
O ciclismo desta prova pode ser descrito em apenas uma palavra: Vento!

Comecei o ciclismo a despejar um bocado de água no pulso do relógio para ver se tirava parte da areia que estava entre ele e o pulso e que me incomodava. Claro que nesta altura eu estava convencido que ia haver abastecimentos ao longo do ciclismo e que ia poder encher novamente o bidon. Não houve e metade da minha água foi gasta a limpar areia... Estúpido!

Estava convencido que não se poderia andar na roda, até que começo a ver grupos de atletas a seguirem todos juntos, achei estranho, mas continuei a deixar o espaço normal em provas em que o "draft" é proibido. Só ao fim de uns quilómetros em que vi mais gente a seguir na roda uns dos outros é que me convenci que se devia mesmo poder andar assim e tentei também encontrar uma roda que fosse ao meu ritmo.


Não foi tarefa fácil. Das cinco voltas que tínhamos de dar ao percurso, só na segunda e na terceira é que consegui seguir atrás de alguém, as restantes foram feitas sozinho.

Havia duas zonas planas no percurso em que o vento era tanto que mesmo numa mudança leve parecia que estava a subir rampas bastante inclinadas. A dada altura da prova comecei também a ficar farto de beber o isotónico que tinha levado e que obviamente estava quente (Tinha sido deixado as 13h no parque de Transição... a prova começou as 16h)

Queria beber alguma coisa que não fosse doce, mas a estupidez de gastar água no inicio fez com que tivesse de beber muito pouco de cada vez para aguentar até ao final.

Tal como em Lisboa tentei fazer uma gestão do esforço que me permitisse chegar bem à corrida, mas com o passar das voltas estava a começar a sentir os estragos feitos pela luta contra o vento. O ritmo foi caindo, mas deixei-me estar sem forçar para não pagar muito o esforço na corrida.

Fiquei bem aquém do que tinha pensado fazer neste segmento. 

Transição 2: (01:32)
Na passagem do ciclismo para a corrida não houve nenhum contra-tempo nem nada de extraordinário a assinalar. O tempo foi o normal para o que costumo fazer nesta segunda transição.

A única diferença foi a Rita que tinha ido até junto do parque ver-me chegar e que me estava a lembrar para não deixar nada fora do cesto senão seria penalizado (Acho que isto é um sinal que falo demasiado de triatlo em casa!)

Segmento 3: Corrida (58:18) média de 05:45 min/Km
Esta corrida foi bastante diferente da de Lisboa, mas igualmente ou até mais sofrida. Mas foi um tipo de sofrimento diferente. Enquanto que em Lisboa não queria baixar dos 5:30 min/km, em Sines a dada altura só queria não ter de caminhar. 

O percurso da corrida seriam 4 voltas feitas junto à praia com uma ligeira subida a meio de cada volta, antes do retorno. Mas para analisar a minha prova posso dividir este segmento final em três blocos de 20 minutos


O primeiro quilómetro foi feito bastante rápido a uma média de 5:08 min/km. Os seguintes ja´foram feitos a uns mais "normais" 05:30 min/km. Até aqui tudo bem, estava dentro do objectivo, mas já a começar a ter a sensação que não ia aguentar assim a prova toda. Nem toda nem metade. Foi só até mais ou menos aos 20 minutos de prova.

Nos 20 minutos seguintes foi quando começou a complicar, o ritmo baixou para os 5:40 / 5:50 min/km e estava a entrar na fase do querer parar para caminhar. Conseguia ir resistindo, dizendo para mim próprio "só faltam 3, só faltam 2... etc etc".

Ia aproveitando também o abastecimento no inicio de cada volta para beber água e despejar o que restava da garrafa pela cabeça já que estava imenso calor.


A terceira parte desta prova foi a pior e a que mais custou, a vontade de caminhar era enorme, mas só faltava uma volta e meia,.. Nesta altura já não queria saber de tempo nenhum, nem sequer olhava para o relógio. Foi uma luta constante para não caminhar!

Ao aproximar-me finalmente da meta vejo o relógio em 02:54:XX! Deu-me uma coisinha e comecei a sprintar para tentar acabar antes dos 02:55. Não deu, fiquei-me pelos 02:55:01.

Depois de cortar a meta questionei-me: "Se consegui sprintar assim não podia ter dado um bocadinho mais na corrida?" Acho que sim, é verdade que estava cansado, mas a cabeça não ajudou muito na corrida e provavelmente com mais força de vontade tinha conseguido não quebrar tanto na parte final. 

Conclusão:
Apesar de não ter sido um mau resultado, acho que se tivesse sido mais forte psicologicamente não teria quebrado tanto na corrida. O disparo que consegui fazer para o sprint final deixou-me a pensar se não teria conseguido correr um bocadinho mais rápido nas ultimas voltas. 

Cometi também alguns erros. Se tivesse lido o regulamento com atenção teria percebido logo de inicio que podia seguir na roda no ciclismo e que não ia haver abastecimento nesse segmento. 

Em relação à organização queria deixar só 3 notas.
Com o calor que estava deixar comida e bebida na bicicleta cerca de três horas debaixo do sol não é agradável. O meu isotónico parecia um chá. Nestas situações se calhar faria sentido voltar a deixar entrar no parque de transição entre o final da Prova Aberta e o inicio da Prova do Campeonato Nacional.

Devia ter visto o regulamento para saber que não havia abastecimento no ciclismo. Não sei se é costume não haver em provas desta distância, mas que tinha dado jeito isso tinha.

Para finalizar acho que não havia necessidade de fazer o percurso de ida na corrida pela estrada que era em empedrado. O paredão ao lado da estrada era enorme, não havia espaço para alem do percurso de regresso fazer lá também o de ida?

Com esta prova ficam terminados os triatlos mais longos que tinha planeado para 2017. Agora serão só provas Sprint: Peniche, Oeiras e em princípio Coruche.

A minha prova:

5 comentários:

  1. Muitos parabéns por mais este desafio superado e bem!

    Isso de teres força para sprintar, não significa que tivesses para manter numa porção de corrida maior. Podemos não ter força para muito mais mas para um pico sempre se arranja qualquer coisinha.

    Não estou dentro do mundo do triatlo, daí estas duas perguntas que te vou fazer:
    - É prática saírem da água a meio do percurso de natação?
    - Porque é proibido nalgumas provas ir na roda do outro? Em qualquer corrida de desporto motorizado é uma técnica muito usada e mesmo em corrida pedestre.

    Um abraço e muitos parabéns! Estás a tornar-te um grande triatleta :)

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    1. Obrigado João. É verdade que um sprint é diferente, mas fiquei com a sensação que com mais cabeça tinha puxado um bocadinho mais.

      A saída da água a meio da natação é usada em algumas provas, não sei qual o critério para o fazer, talvez um percurso mais pequeno na água obrigue a duas voltas. De qualquer forma acho que para a nível de espectáculo para quem está a ver, ter os atletas a sair a meio da natação aumenta o interesse.

      Em relação ao ciclismo é uma boa questão, não te sei dizer exactamente o porquê. Não sei se tem a ver com a ideias de as provas longas serem um esforço individual, ou se por questões de segurança, uma vez que nas provas longas (Half-IronMan e IronMan) são usadas maioritariamente bicicletas com os extensores. Os extensores são muito bons a nível aerodinâmico, mas perigosos quando se vai em grupo. Não tens tanto controlo da bicicleta, nem as mãos mesmo ao pé dos travões.

      Abraço

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  2. Epah oh João, vai-te lixar. Com estes teus relatos estás a arranjar-me uma carga de trabalhos, cada vez que leio um dá-me vontade de tentar um triatlo!

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    1. LOL. Isto dos relatos é lixado, o João Lima foi o culpado de eu me ter inscrito na Maratona de Sevilha para o ano.

      Fico à tua espera no Triatlo de Lisboa para o ano (http://www.challenge-lisboa.com/). Se a vontade ainda não estiver no ponto. Passa aqui para a semana, já deves ter o relato do Triatlo de Peniche para ler :)

      Abraço

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  3. Também estou a gostar de ler!!!! mas no meu caso já estou inspirado é mesmo só para tirar dúvidas... eheheh!!! lá nos vamos ver (ou não ... no triatlo de oeiras 2017)

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