1º Challenge Lisboa (Battle of Sexes)

21:36 , 10 Comments

Dia 7 de Maio foi o dia de voltar a uma das provas que mais gostei de fazer desde que comecei a praticar desporto: Triatlo de Lisboa, que este ano passou a pertencer ao circuito Challenge.


Já uns meses depois da inscrição estar feita a organização arranjou uma surpresa ao passar a distância da natação de 950 metros para 1500 metros, distância usada no Triatlo Olímpico. Ia ser bastante mais do que o previsto mas não me preocupei muito dado que tinha nos planos 2 semanas depois desta prova o Triatlo de Sines, também ele com 1500 metros de natação.

Tenho a sensação de ter chegado a esta prova com uma preparação melhor que no ano anterior. Pelo menos o número de treinos foi superior, os quilómetros também e o ritmo que tenho feito nos três segmentos era também mais rápido.

Apesar de ser complicado comparar tempos entre provas de Triatlo, tinha como sonho fazer menos de 3 horas. Digo sonho porque por mais que "brincasse" com um simulador de tempos as médias que tinha de fazer eram todas muito boas e algo que eu realisticamente duvidava que conseguisse.
No Sábado fui deixar o material todo no parque de transição, este ano com a novidade do equipamento do ciclismo e da corrida ficarem em sacos separados cada um na sua zona. A ideia era sair da natação pegar no primeiro saco, trocar o material pegar na bicicleta e sair.

No regresso do ciclismo era só deixar a bicicleta no sitio apanhar o segundo saco, trocar o material necessário (no meu caso só os sapatos) e sair novamente.

Deixei tudo arrumado e andei para trás e para a frente para decorar o sítio onde os saco tinham ficado pendurados.
Apesar de este ano a minha prova começar uma hora mais tarde que o Half Iron Man, ou seja às 8:20, fui à mesma por volta das 06:30 para o Parque de Transição. Isto porque o período para fazer os últimos ajustes na bicicleta e sacos da transição era entre as 06:00 e as 07:00.

Bicicleta verificada, comida e bebida deixadas na bicicleta e estava pronto para a prova!

Esta foi a fase mais chata e onde a ansiedade começava a aumentar. Ver os primeiros a partir às 07:20 e estar cheio de vontade de começar mas ter de esperar ainda uma hora não ajudava! Para o ano tenho de ir ao Half IronMan para evitar esta espera (aposto que já houve desculpas piores para fazer um half)!
O meu pai e irmão fizeram questão de também acordar bastante cedo e ir comigo para a prova para me poderem apoiar. Durante esta hora de espera aproveitei para lhes dar a minha previsão de tempos de passagem em cada local para eles poderem andar a correr de um lado para o outro.

Às 08:05 foi a partida das mulheres e passado um pouco deixaram-nos finalmente ir para dentro de água.

Desta vez não houve frio, chuva ou vento. Já dentro de água com uma temperatura óptima e um sol fantástico, estava um dia perfeito para começar o meu Triatlo!

Segmento 1: Natação (29:04) média de 01:56 min/100m
Apesar de não ter ainda muita experiência começo a sentir-me mais confiante no inicio da natação. É claro que a confusão inicial ainda me deixa algo preocupado, mas consigo controlar melhor. Esse ganhar de alguma confiança e o facto de não ter assim tanta gente à volta permitiu-me começar mais relaxado do que em provas anteriores.

A sensação que tive desde o inicio foi a de ir a um bom ritmo e com uma boa orientação, pelo menos até à segunda bóia. Da segunda para a terceira deu-me a sensação de ter fugido um bocado até porque deixei de sentir pessoas à volta. Diz quem viu que não me desviei muito.

O que ainda não consegui foi ir integrado num grupo que vá ao meu ritmo, ou não conseguia acompanhar quem ia à frente ou ia ligeiramente mais rápido. É algo a trabalhar nas próximas provas.

Nunca tinha nadado tanta distância numa prova e até acho que consegui gerir bem o ritmo ao longo dos 1500 metros, nunca senti que fosse a fazer um esforço maior que o necessário, e estava a gostar de estar ali, mas lembro-me de a dada altura pensar "Fogo... 1500 metros de natação é muito metro".

Perto do final da natação voltei a tentar a técnica de bater mais as pernas para evitar as tonturas, e não sei se foi disso ou não mas a verdade é que desta vez não apareceram.
Ao sair da água nem vi bem o tempo que demorei na natação, só me apercebi que tinha feito menos de 30 minutos o que era um excelente pronuncio.

Transição 1 (03:21)
Lembram-se de dizer que no sábado andei para trás e para a frente a praticar a saída da água e onde tinha o saco? Pois... Com a adrenalina / stress da saída da água, passei pelo meu saco sem o ver, aliás nem sei sequer o que estava a pensar. Limitei-me a olhar para os números e só via os 1200 e qualquer coisa, não conseguia perceber para que lado os números aumentavam ou diminuíam e onde estaria o saco com o meu número (1130)

Depois de uns segundos desorientado lá encontrei o saco e fui para a tenda despir o resto do fato. Na tenda estavam voluntários que rapidamente se ofereciam para guardar as coisas da natação dentro do saco para não estarmos a perder tempo.

Não tinha muito mais a fazer ali, pus o dorsal à cintura, peguei nos sapatos e fui com eles na mão a correr até à bicicleta para ser mais rápido

Já na bicicleta foi por o capacete na cabeça, calçar os sapatos e sair do Parque de Transição. 

Segmento 2: Ciclismo (01:28:55) média de 29,9 km/h
A minha grande dúvida para o ciclismo e que no pré-prova estava a influenciar mais os cálculos finais era se conseguiria fazer uma média de 30 km/h. O problema é que depois do ciclismo ainda ia ter de correr mais 10,5 Km, e a última prova no Triatlo de Cascais tinha-me mostrado que abusar no ciclismo paga-se na corrida.

Arranquei com calma, aproveitando para hidratar e aquecer as pernas, mantendo para isso uma cadência mais alta que o norma. Aproveitei a ligação entre o parque de transição e o IC2 para fazer isso.

Nesta altura já todos os participantes na prova longa estavam na estrada e eu acabei por ir entretido durante todo o meu segmento a observar as bicicletas que passavam por mim, era com cada máquina que até fazia impressão!

A minha grande preocupação para este segmento era encontrar o equilíbrio entre manter um bom ritmo mas sentir que não ia a 100% do esforço, ou seja tinha de guardar alguma coisa para a corrida.

No percurso de ida, tive a sensação que o vento este ano estava ao contrário do ano passado, ou seja, contra para lá e a favor no regresso. Não achei no entanto, que o vento estivesse muito forte até porque estava a conseguir manter-me numa média acima dos 30 km/h deixando a tal reserva de energia para mais tarde.

Na subida antes do retorno tentei privilegiar a cadência em detrimento da força, e foi com uma mudança levezinha mas mantendo a cedência acima dos 80 que cheguei lá acima.

Foi no regresso que confirmei que o vento estava realmente a favor. Não é normal para mim rodar com facilidade a 35 / 36 km/h e era esse o ritmo que estava a conseguir manter.

Estava bastante satisfeito, mesmo na segunda volta conseguia manter o ritmo nos 30 km/h, valor que antes da prova pensava ser muito optimista, e sentia que ia conseguir chegar em condições à corrida. Começava a acreditar no sonho das 3 horas!

Transição 2 (01:21)
Ao chegar à entrada do Parque de Transição estive novamente (aconteceu o mesmo em Cascais) à beira de um desastre!

Comecei a preparar-me para sair da bicicleta como se não tivesse sapatos de encaixe. Desencaixei o pé direito e quando dou por mim estou a começar o processo de passar a perna direita para trás para ficar só de um lado da bicicleta e desmontar em andamento. Então e o pé esquerdo perguntam vocês! Pois... Continua encaixado e se não me apercebo a tempo do que ia fazer, daria certamente fotos muito boas.

Com o acidente evitado, desmonto correctamente da bicicleta e vou a correr até ao local onde a deixo. Descalço os sapatos e começo a correr para a zona dos sacos da segunda transição onde estariam os ténis de corrida.

Uns 5 metros à frente da bicicleta apercebo-me que tenho o capacete na cabeça... Toca a voltar a trás para o tirar. Só depois é que me lembrei que podia ter continuado e deixava-o no saco da transição. O resto da transição correu bem e até foi bastante rápida. Na tenda estava novamente uma voluntária que se ofereceu logo para guardar os sapatos de ciclismo.

Segmento 3: Corrida (58:41) média de 05:26 min/km
Estava quase feito, faltavam "só" 10,5 Km de corrida, e pela primeira vez num Triatlo tive momentos em que pensei no porquê de me meter nestas coisas. Não que não estivesse a gostar da prova, mas esta corrida foi mais sofrida que em outras provas (como se nota pelas fotos da corrida).

Quando sai para a corrida foi a primeira vez que olhei para o relógio com o objectivo de ver o tempo total de prova. Tenho ideia de ter visto cerca de 2 horas e 3 minutos. Na altura fiquei extremamente satisfeito e pensei que bastava manter um ritmo de 05:30 min/km para baixar as 3 horas. Problema: Eram 10,5 quilómetros e não apenas 10. E no final o GPS até acabou por marcar 10,8 Kms.

Como sempre a tendência é correr mais rápido do que o corpo parece estar a indicar. Já conheço esta sensação e tentei controlar. Queria fazer um inicio de corrida mais lento e conseguir ir melhorando ao longo da prova. Mesmo assim o primeiro quilómetro foi feito a uma média de 05:06 min/km.

Foi só a partir do terceiro quilómetro de prova que me comecei a sentir melhor, até lá confesso que fui um bocado em sofrimento. Cheguei a pensar que pudesse ser como em Cascais em que ia ter de caminhar durante a prova. Aliás, até ao final, esse pensamento passou-me mais vezes pela cabeça.

Passada essa fase inicial as sensações foram melhorando e ver o ritmo a manter-se abaixo dos 5:30 min/km dava-me ainda mais motivação para continuar. Para além disso ao ver passarem ali mesmo ao meu lado, como se nada fosse, atletas como o João Pereira, Bruno Pais ou a Vanessa Fernandes dá também uma motivação enorme para continuar.

E continuar foi o que fiz, ia conseguindo manter um ritmo ligeiramente abaixo dos 05:30 mas não queria olhar para o tempo total para não ter de fazer contas. O pensamento principal era continuar assim e não quebrar.

No abastecimento do Km 5 ia com tanto calor que peguei em dois copos de água e os despejei por cima de mim. Soube bem, mas só mais à frente é que se deu o click que se calhar tinha sido mais importante beber água... estúpido! Na altura fiquei preocupado e só esperava não pagar esse erro mais tarde.

Por volta do sétimo quilómetro, ou seja na zona do último retorno antes de voltar para a tão desejada meta, comecei a sentir novamente dificuldades e uma enorme vontade em caminhar nem que fosse só por um bocadinho. Mais uma vez consegui lutar contra essa vontade. Não me lembro de noutras provas de corrida ter tantas destas lutas mentais para continuar a correr e a não baixar o ritmo que levava.
No retorno para a meta esperei até faltar apenas um quilómetro para ver o tempo final. Ia ser mesmo a queimar as 3 horas. Deixei o mostrador ficar com o tempo e limitei-me a correr o mais rápido que conseguia, que já não era muito! A cerca de 500 metros do final vejo o relógio a passar das 3h e inevitavelmente quebrei um pouco, afinal o tempo que tinha começado a acreditar durante a prova não ia ser batido.

Terminei a minha prova com um tempo final de 03:01:26 e com sentimentos mistos.


Conclusão:
Acabei com sentimentos mistos porque o tempo com que tinha sonhado antes da prova e indo a acreditar cada vez mais ao longo dos vários segmentos acabou por não se concretizar. 

Por outro lado tenho a consciência que em relação ao ano anterior melhorei o meu ritmo em todos os segmentos e que muito dificilmente teria retirado algum tempo aquele que fiz. Acabei completamente esgotado tendo deixado tudo em prova. 

Acabei de tal maneira que logo depois da meta enquanto estava sentado a descansar pensei "Daqui a duas semanas em Sines vou ter de fazer isto tudo novamente... não sei se quero!".

Calma, isto foi na altura, ao final do dia já estava cheio de vontade de repetir todos estes quilómetros no Triatlo de Sines!

Para finalizar uma pequena nota em relação à organização da prova e sua passagem para o circuito Challenge. Começando pelo fim, gostei mais do percurso do ano passado com a volta ao Oceanário, mas, para mim, o mais importante seria pensar em alguma forma de fechar totalmente o percurso da corrida. Correr entre pessoas a passear o cão ou a andar de bicicleta atrapalha quem vai em prova e pode causar situações perigosas. 

Na natação, a alteração da distância até é bem vinda, gostei de fazer os 1500 metros, mas o percurso tinha imensos retornos. Esta situação tornava-se mais problemática na parte final em que o percurso de ida era mesmo ao lado do de volta, ou seja nadava-se quase de frente uns para os outros.

Mesmo para terminar, queria deixar só a nota de que algumas das fotos neste post foram retiradas do facebook da Revista Triatl3ta e do Paulo Sezilio. Obrigado pelas fantásticas fotos tiradas durante a prova.

A minha Prova:

10 comentários:

  1. Excelente descrição duma grande prova onde, mais uma vez, estiveste em grande!

    Tens é que trabalhar melhor as transições :)

    Muitos parabéns! :)

    Um grande abraço

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    1. Obrigado João,

      Foi mesmo uma grande prova, em tudo melhor que a do ano passado, inclusive no tempo :)

      Dizes, e bem, que as transições têm de ser treinadas e isso é algo que não faço.

      Abraço

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  2. Grande prova João! Parabéns!
    Se deixaste tudo lá dentro durante estas 3 horas só podes ficar orgulhoso! Um abraço!

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    1. Obrigado,

      Tens razão, o que me deixou mais chateado foi o ter vindo a acreditar ao longo da prova que era possível. Já devia saber que não posso confiar na cabeça para fazer contas durante a prova, nunca resulta bem.

      Abraço

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  3. Muitos parabéns!
    Eu acho incrível participar num triatlo! Por isso só por terminares acho que já é brutal! Agora 3h e muito pouco é excelente! Para a próxima já baixas das 2h :)

    Por acaso até fomos treinar nessa zona nesse dia, começando e terminando no Parque das Nações e também achámos um bocado chato os atletas terem que estar a correr no meio de pessoas que estavam apenas a passear ou até a treinar como era o nosso caso.

    Beijinhos e mais uma vez muitos parabéns! :)

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    1. Obrigado, têm de experimentar também uma prova destas, as mais curtinhas já dão para se divertirem bastante :)

      Beijinhos e parabéns por Madrid, grande prova!

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  4. Muitos parabéns, João! Daquilo que pude observar, foste sempre certinho na corrida. Confesso que, se fosse eu, os transeuntes também me iriam incomodar bastante, sobretudo quando o cansaço já fosse a apertar. A Organização deveria, no mínimo, ter colocado uns cartazes ao longo do percurso a alertar as pessoas para o facto de estar a haver uma competição e a necessidade de darem prioridade.
    Acredito que ficar a pouco mais de 1 minuto do objectivo seja frustrante, mas sabes que consegues e assim já tens objectivo para a próxima! ;)
    Beijinhos
    (E decidi também que isto de ficarmos a ver o outros correr, enquanto estamos sentados na esplanada, tem a sua piada, tenho de o fazer mais vezes! :D )

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    1. Obrigado pelo vosso apoio, foi óptimo ver caras conhecidas ao longo da corrida que estava a custar um bocado, provavelmente o que entenderam como uma careta devia ser eu a tentar sorrir :)

      Beijinhos.

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